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Ateliê lança segunda edição de Escrito sobre Jade, poesia clássica chinesa “reimaginada” por Haroldo de Campos

Escrito sobre JadeHaroldo de Campos

Publicado originalmente em 1996, em uma edição artesanal de pequena tiragem, Escrito sobre Jade, de Haroldo de Campos (1929-2003), está de volta em nova edição, revista e ampliada, organizada por Trajano Vieira.

O livro apresenta uma coletânea bastante representativa da poesia clássica chinesa “reimaginada” por Haroldo de Campos a partir dos ideogramas originais, com notas sobre os poemas traduzidos. À nova edição foram acrescentados um longo ensaio e nove novas traduções.

“A poesia clássica chinesa, escrita numa linguagem especialmente afeiçoada à arte do poema (um verdadeiro “idioleto poético”) toca de perto os ocidentais que nela se debruçam por sua concisão, pelo sentimento de inacabado, de sustentada surpresa, de aforismático vigor aliado à plasticidade visual da imagem”, resume o tradutor.

A “transcriação” ou “reimaginação” – termos que Haroldo preferia empregar no lugar de “tradução” – dos poemas adota as técnicas de espacialização gráfica da poesia moderna para dar conta dos aspectos caligráfico-visuais de uma poesia monossilábica, escrita em uma linguagem isolante, de sintaxe posicional. No plano fônico, Haroldo compensa a impossibilidade de reproduzir os módulos sonoros de uma língua tonal e, consequentemente, os esquemas de rimas do original, através de uma extrema concisão (característica do chinês clássico) e de um minucioso trabalho deorquestração das figuras fônicas e rítmico-sintáticas.

O volume traz poemas do Shi-King, o Livro das Odes, a compilação das mais antigas poesias chinesas, recolhida depois do ano 600 a.C. por Confúcio; composições de autores como Han-Wu-Ti, (156 a.C-87 a.C.); Wang Wei (701-761); Li Po (701-762), considerado o maior poeta da China; Lu Lun (748-800?); Li Shang-Yin (813-858); Tu Fu (712-770); Ts’ui Hao (704?-754); Wei K’uen Ge (1646-1705) e Mao Tse-Tung (1893-1976), o líder revolucionário, que praticava a arte poética da tradição clássica e dominava a escrita caligráfica, em que eram exímios os poetas chineses.

Trajano Vieira é doutor em Literatura Grega pela Universidade de São Paulo (1993), com pós-doutorado pela Universidade de Chicago (2006) e livre-docência pela Unicamp (2008). Leciona Língua e Literatura Grega no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Foi o organizador da “transcriação” de Haroldo de Campos da Ilíada, de Homero, e verteu grandes peças do repertório grego, como Prometeu Prisioneiro, de Ésquilo; As Bacantes, de Eurípides (2003) e Ájax, Édipo Rei (2001) e Édipo em Colono (2005), de Sófocles. Recebeu o Prêmio Jabuti de Tradução em 2007, por Agamêmnon, de Ésquilo.

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